DIVAGAÇÕES

Sempre páro prá pensar em situações contraditórias. Um tipo de situação que sempre ouço ou vejo acontecendo está relacionado ao estado de PODER. Coisa difícil é construir, produzir positivamente. Demanda sabedoria, intenção, iniciativa, projeto, dedicação, esforço. Realmente construir é algo sublime, louvável. Porém um fato me chama a atenção. O fato de que apesar do ato de construir ser tão soberano, é a atitude de destruição a mais louvada e admirada. Destruir é tão simples, o esforço é menor, não há criação. Apenas pega-se o que já está e aniquila. Exemplo é... qual o interesse em saber quem sonhou, projetou, dedicou-se, e empenhou-se à construção das torres gêmeas? Que louvor teve esse grupo de pessoas? São pessoas lembradas? Mas a glória, a lembrança, a importância, recai exatamente aos que a destruíram. Não há imagens da construção das mesmas, mas a todo instante nos deparamos com a cena da destruição.
No patamar dos relacionamentos, algo semelhante acontece. Um relacionamento inicía-se, com sonhos, projetos, dedicação, empenho, muitas vezes fidelidade, lealdade, companheirismo, superação de dificuldades e de repente, chega o elemento desaglutinador e destrói tal relacionamento, com uma facilidade, e todo o belo perde o sentido, fica reduzido a nada.
Quando um casal vai bem demais, com manifestações explícitas de afetividade e respeito, poucas pessoas ou ninguém louva, aliás parece que incomoda. E há latente uma torcida prá que tudo isso se desmorone, que termine.
Quando uma pessoa encontra outra junto de alguém, construindo um relacionamento e a quer prá si, é interessante assistir o processo.
Ela começa o ato de destruição daquele relacionamento, e a cada avanço se sente exaltada, valorizada, melhor que aquela outra pessoa que construiu e agora usufrui da construção e dedicação alcançada...e quase sempre a pessoa parceira se sente valorizada pela pessoa destruidora e à exalta sem critério algum, por pura vaidade, entra no jogo e potenciliza o ato da destruição, justamente porque destruir é mais fácil e a impressão que dá é de que é mais prazeroso também. O PODER parece estar mais linkado à destruição , do que à construção.
Vêr o outro destruído agrada mais a galera do que vê-lo exaltado, feliz e realizado. E não é de se admirar se o elemento desaglutinador sair como o louvado na história, e aquela pessoa que construiu, se dedicou, cuidou e exaltou, sair completamente humilhado.
Ao construtor não há muito cuidado ou respeito . E ao que destrói sobrecai o louvor o PODER.
Sim...ora veja só...essa é a natureza humana.
Veja que Cristo foi o principal propagador do amor, da construção de vidas vitoriosas, da fidelidade, da lealdade e no entanto tentaram humilhá-lo, machucaram-no, tentaram sujar a imagem dele colocando-o entre ladrões e imputando-lhe a sentença mais humilhante da época, que era a morte na cruz. É claro que Ele podería impedir com que isso acontecesse. Mas Ele permitiu justamente para que a natureza humana fosse exposta, tal como ela é. Para que depois Ele mostrasse a sua própria natureza divína.
O que se esperar do ser humano?
Essa é a natureza humana. Pérolas do ser humano.
Fugir à essa natureza? Somente tendo a marca de Cristo.
Márcia Soulful